Está no artigo 18 do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante vexatório ou constrangedor”. E qualquer tipo de abuso sexual enquadra-se nessas condições. Já o artigo 227 da Constituição Federal assevera: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
Contudo, quando ‘o caso não é comigo’, ‘isso não me diz respeito’, ‘eles que são brancos que se entendam’, ‘problema deles’, ou expressões do gênero, esquecem tais criaturas que isso, além de desumano, é criminoso, haja vista que a negligência se concretiza como descumprimento da lei pelo art. 227 da Constituição. Se chegar o dia em que todos velem pela dignidade da criança e do adolescente (como reza o ECA) ninguém jamais presenciará, nem será afetado, pelos sintomas que uma vítima de pedofilia tem como consequências... Que sintomas exibem pequenos seres humanos, frágeis, vítimas de algozes egoístas? Vários, físicos e emocionais. E com sérias consequências para a sociedade, inclusive. Você, que está lendo essa matéria, mesmo não sendo uma vítima ou uma ex-vítima (e ainda estamos na dúvida se esse prefixo se aplica nesses casos já que as consequências são para uma vida toda) pode sofrer os danos causados por um(a) pedófilo(a).
O que é violência sexual? Quais as formas de violência sexual? O que é Pedofilia? Como age o(a) agressor(a)? E tantas outras questões precisam ser debatidas pela sociedade! Há muito que se falar a respeito desse assunto, por ora, contudo, nos ateremos ao sinais/sintomas de um ser humano que serve aos mais vis e egoístas desejos de alguém que se considera outro ser humano:
Sintomas físicos: Quando são visíveis, na maioria das vezes, é sinal de que o abuso já vem durando há muito tempo. É um descontrole da pessoa que agride depois de tantas vezes cuidando-se para não ser descoberta. Hematomas pelo corpo podem não ser só sinais de tentativas de ‘educar’; pode ser também uma forma de vingança covarde por tentativas sem êxito. Sinais mais comuns: há assaduras nas regiões íntimas, vermelhidão ao redor dos órgãos genitais e dificuldade para sentar-se. A gravidez precoce atinge cerca de 11% das meninas abusadas.
Sintomas comportamentais e/ou psicológicos:
- A vítima tende aos extremos: ou come excessivamente ou não sente fome alguma;
- Perda da confiança na figura masculina (se for agressor) ou feminina (se agressora);
- A tendência ao suicídio, ao longo da vida, atinge mais de 25% das vítimas;
- Queda acentuada da autoestima: em torno de 60% das vítimas tem a autoimagem danificada para sempre;
- Distúrbios do sono atinge em torno de 25% das vítimas. Tais distúrbios são, aparentemente, inexplicáveis. Começam desde o momento do abuso e progridem por toda a vida;
- na maioria das vezes, costuma baixar o rendimento escolar – embora, haja exceções;
- apresenta relutância, um não-querer ver ou visitar o(a) pedófilo(a);
- há extremos na higiene: ou um descuido proposital - a criança tem a ideia de que a sujeira ou o mal cheiro vai afastar o(a) agressor(a) – ou banhos muito longos – com a noção de que a água vai purificar seu corpo e alma.
Afora esses, muitos outros são os sinais: automutilação, isolamento social, timidez diante de qualquer outra pessoa além das que confia, choro ‘à toa’, agressividade, ansiedade, tonturas ou desmaios, depressão, síndrome do pânico, propensão ao uso de álcool, cigarros ou outras drogas (lícitas ou ilícitas) e uma vida sexual insatisfatória e problemática.
Como vimos, uma pessoa abusada levará muitas outras a sofrerem com ela, de uma ou de outras maneiras...
Por isso, se surgiu uma leve desconfiança de que alguém que você conhece está sendo abusado, peça-lhe para desenhar sua família e as pessoas com quem mais convive (é apenas uma das formas de descobrir). Ela, a criança, precisa estar nos desenhos. Observe, por exemplo:
- o tamanho das mãos costuma ser enorme, desproporcional;
- o(a) agressor(a) costuma estar distante da criança e, não raro, de toda a família;
- os genitais costumam estar à mostra: ou só do algoz ou da criança também;
- a família toda é desenhada, com exceção do algoz;
- a criança pode desenhar um momento específico do abuso;
- a criança pode desenhar-se pedindo socorro;
- a criança pode desenhar o(a) agressor(a) preso ou apanhando.
Fique atento! Pedofilia é um problema social. Denuncie, faça a sua parte! Afinal, “... é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente” (ECA) e “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito (...) à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
Você é responsável ou irresponsável nessa questão?